
Cerca de 5 meses depois, volto ao Zona Crítica, depois de uma pausa devido a pouco tempo disponível e muita vontade de dar conta dos desenvolvimentos da missão da Antártida com tanto detalhe, que acabei por nunca conseguir fazer qualquer post. Agora, no Ártico, espero conseguir fazer renascer o blogue e entretanto retomar um balanço daquilo que fizemos na Antártida em janeiro/fevereiro passado.
Encontramo-nos desde dia 21 de julho no norte dos Territórios do Noroeste, para a campanha de verão do projeto nunataryuk. Este é um projeto europeu, de grande dimensão, que em traços gerais tem como objetivo melhorar o conhecimento sobre a forma como o permafrost costeiro do Ártico e as populações que nele vivem, estão a reagir às alterações climáticas. Tem também como objetivo melhorar a quantificação dos fluxos de carbono e contaminantes do continente para o oceano e conhecer o seu destino e impactes no sistema climático global. A contribuição da equipa da Universidade de Lisboa, que coordeno, visa principalmente, quantificar taxas de erosão costeira e volumes de material erodido, utilizando para isso, imagens de satélite de alta resolução e levantamentos de campo com recurso a veículos aéreos não tripulados. Estamos também a colaborar com dois municípios e com a Natural Resources Canada para que estes levantamentos possam ser usados no ordenamento, em particular para a identificação de riscos de inundação, subsidência do solo e erosão costeira. No âmbito da química do permafrost, a equipa da ULISBOA, através do Centro de Química Estrutual do IST contribui na componente das análises do carbono e mercúrio que se encontram no permafrost. A quantificação dos volumes erodidos e conhecimento das concentrações de diferentes compostos, permite melhor avaliar os fluxos do permafrost para o oceano. A componente marinha está a ser analisada por uma outra equipa do projeto.
Estou a escrever este post na viagem de avião para leste, entre Tuktoyaktuk, onde passámos os três primeiros dias no campo, e Paulatuk. Vamos num pequeno Beechcraft 1900D fretado especificamente para a missão. Paulatuk é uma pequena comunidade Inuvialuit de cerca de 300 habitantes situada no Mar de Beaufort, cerca de 400 km a leste de Tuktoyaktuk. Os próximos 4 dias serão dedicados a fazer levantamentos de fotografia aérea da comunidade com um drone e a fazer levantamentos de pontos de controle no terreno. Esperemos ter sorte com o vento, para que possamos realizar todas os voos previstos.
Os dias anteriores tiveram duas fases distintas, e que explicarei em posts subsequentes. A primeira fase da missão, passei-a em Edmonton (Alberta), a tratar das licenças de nível avançado para poder voar drones no Canadá. Depois disso, passámos 3 dias em Tuktoyaktuk já a fazer levantamentos de terreno com o drone, de modo a completar os levantamentos realizados na campanha passada.
Que tudo corra bem e que a vossa investigação alerte para a mudança de atitude
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