Península Barton na ilha do Rei Jorge em 2016.

O PERMANTAR é o programa de apoio à infraestrutura do CEG/IGOT-ULISBOA de monitorização do permafrost da Península Antártica Ocidental (http://permantar.weebly.com). Iniciámos os nossos trabalhos na Antártida há 18 anos, em janeiro de 2000, com a instalação das primeiras perfurações para a monitorização do permafrost na região, feitas num projeto coordenado pelo Miguel Ramos da Universidade de Alcalá em Espanha. Só mais tarde, em 2006, iniciei os trabalhos para instalação dos primeiros observatórios da rede PERMANTAR, que viram a luz do dia em 2008 com as perfurações realizadas na ilha Livingston pelo Alexandre Nieuwendam, então meu estudante de mestrado, e pelo Patrick Blètry, que contratámos para realizar duas perfurações profundas. Hoje, a rede PERMANTAR conta com vários locais de monitorização instalados entre o arquipélago de Palmer e a ilha Dundee, ao longo de cerca de 450 km no setor noroeste da Península Antártica. É a mais completa rede de monitorização de permafrost da região e tem sido um enorme desafio mantê-la a funcionar todos os anos.

Círculos de pedras na Península Barton. A formação destas estruturas ordenadas está associada à dinâmica de congelação e fusão do gelo no solo, que causa movimentos diferenciais dos elementos finos e grosseiros no solo, um processo designado crioturbação.

A campanha de 2018-19, mais uma vez apoiada pelo Programa Polar Português (FCT) dividir-se-á em duas equipas de campo:
– na ilha Deception, o Mohammad Farzamian (IDL-ULISBOA) e o Miguel Angel de Pablo (UAH), vão realizar observações de resistividade elétrica do solo para mapear o permafrost, bem como manter os observatórios PERMANTAR da ilha. A campanha inicia-se em meados de Janeiro e decorre até ao início de fevereiro.
– na ilha do Rei Jorge, península Barton, uma equipa composta por mim próprio, Carlos Neto (CEG/IGOT-ULISBOA), Joana Baptista (estudante de mestrado do IGOT) e Daniel Vonder Muehll (PERMOS), vai tentar instalar um novo observatório de permafrost em colaboração com o Instituto Polar Coreano.

A nossa carga nos armazéns da ULisboa antes de seguir para Cartagena para ser embarcada no Hespérides. Além destas caixas, temos ainda um gerador e uma grande caixa de equipamento, já na base coreana na Antártida.

No ZONA CRÍTICA, irei dando novidades acerca do projeto e dos trabalhos de campo, em particular sobre aqueles em que estou mais envolvido este ano, que são as atividades a realizar em Barton, bem como a coordenação do projeto.

Os últimos meses foram passados a preparar a campanha antártica, o que implica rever todos os equipamentos e adquirir equipamentos novos, enviá-los para a Antártida, mas também tratar de toda a documentação relativa à certificação ambiental dos trabalhos a realizar, bem como às nossas inspeções médicas, sem as quais não poderiamos participar na campanha. Felizmente, toda a equipa foi dada como apta e daqui a pouco mais de 1 mês, estaremos a caminho da Antártida, sendo que o Mohammad irá já em meados de janeiro.

Hoje, dia 31 de dezembro, finalmente a última peça importante para as nossas perfurações foi entregue no Instituto Antártico Chileno em Punta Arenas, para ser transportada para a Antártida. Trata-se do gerador Honda, sem o qual não poderemos fazer a perfuração prevista. Obrigado à Irlanda Morales e ao pessoal da GeoMagallanes pelo apoio logístico, bem como ao INACH.

Hoje, finalmente, o envio dos equipamentos mais complicados parece estar, finalmente, concluído. Com o apoio da GeoMagallanes, foi deixado no armazém do INACH, no Porto de Punta Arenas, o nosso gerador, que agora será transportado com apoio do INACH, diretamente para a Antártida, onde chegará em meados de janeiro. A restante carga está a caminho, a bordo do navio oceanográfico espanhol Hespérides, e deverá chegar à Antártida, no final de janeiro, com o imprescindível apoio do Programa Antártico Espanhol. O envio da carga este ano foi uma verdadeira saga, com a DHL a esquecer-se de entregar em Espanha uma parte significativa do nosso equipamento. Felizmente, a gestora logística do PROPOLAR, a Ana David, deu por isso, e depois de uma infindável série de contactos, foi possível, na véspera da partida do navio, proceder-se à entrega do equipamento. Um serviço para esquecer por parte da DHL e um trabalho excelente por parte da Ana e também do Jord Felipe, da UTM – Espanha. Mas, diz a experiência, só mesmo quando lá estivermos e verificarmos todo o equipamento, é que saberemos se houve alguma que ficou pelo caminho. A parte mais difícil, é mesmo fazer chegar tudo à Antártida, pois a logística é complicada e muito condicionada pela meteorologia e pelas necessidades de dezenas de outros projetos, com pedidos semelhantes, ou ainda mais complexos.